O Dia do Combate ao Fumo, celebrado nesta quinta-feira (29 de agosto), tem o intuito de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do tabagismo. Nesta oportunidade, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) chama a atenção para os efeitos negativos que fumar cigarros convencionais e eletrônicos trazem à saúde da garganta e do nariz.
Recentemente, a organização médica integrou o grupo de 80 entidades signatárias da nota oficial, lançada pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, com posição contrária ao Projeto de Lei (PL) nº 5.008/2023, que legaliza a venda de cigarros eletrônicos, também conhecidos por vapes.
Já é de conhecimento público que fumar traz consequências sérias à saúde, mas um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, da Universidade de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências Médicas revelou que esse mau hábito aumenta o risco de desenvolver mais de 50 doenças. Vários tipos de câncer estão entre as enfermidades mais graves, além de problemas respiratórios e cardiovasculares.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 477 pessoas morrem diariamente no Brasil devido à dependência de nicotina, principal componente do tabaco, elemento usado na produção no cigarro, cachimbo, charutos, narguilé, entre outros produtos. Em âmbito global, o hábito de fumar mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Garganta
A fumaça do cigarro tem substâncias nocivas ao organismo, interferindo no bom funcionamento dos órgãos. Fumar pode provocar tosse, produção de catarro, ressecamento, coceira, rouquidão persistente, perda temporária ou permanente da voz, segundo a Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV).
“A exposição por anos ao tabagismo ainda pode gerar lesões inflamatórias nas cordas vocais e alterações nas células do tecido que podem desde alterações menores até câncer na laringe”, explica Adriana Hachiya, presidente da ABLV.
No triênio 2023-2025, são esperados 6.570 casos de câncer de laringe em homens, 1.220 em mulheres, totalizando 7.790 casos estimados no território nacional, conforme estimativas do INCA. E quem tem o hábito de fumar, aumenta o risco de desenvolver essa doença em até 216%, conforme o estudo da Universidade de Oxford.
“Fumar pode gerar um inchaço chamado de edema de Reinke, que aumenta o tamanho das cordas vocais. Conforme o grau da extensão desta lesão, pode haver um bloqueio da passagem de ar para o pulmão e consequente falta de ar, colocando a vida em risco”, complementa Hachiya.
Efeitos para o nariz
O fumo do tabaco contém cerca de 7.000 componentes químicos, dos quais pelo menos 250 são prejudiciais à saúde, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde. Monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína, nicotina e alcatrão são alguns dos componentes tóxicos. O alcatrão é altamente cancerígeno, e o monóxido de carbono se liga à hemoglobina nos glóbulos vermelhos do sangue, reduzindo a capacidade do sangue de transportar oxigênio e, consequentemente, priva alguns órgãos da quantidade necessária desse gás vital à saúde, aumentando passivamente o risco de desenvolver problemas respiratórios.
A Academia Brasileira de Rinologia (ABR) alerta que essas substâncias químicas são prejudiciais para a qualidade da respiração, irritando todo revestimento nasal e, assim, dificultando o fluxo de ar, podendo desencadear congestão nasal e coriza. A temperatura da fumaça também agride o revestimento interno do aparelho respiratório.
“O nariz faz o papel de filtrar, temperar e umidificar o ar. A fumaça, inspirada, danifica o revestimento interno do nariz e seios da face, aumentando as chances de desenvolver rinites e sinusites. Pessoas que sofrem com essas doenças já têm a função nasal prejudicada e podem ter piora desses quadros”, destaca o presidente ABR e membro da ABORL-CCF, Otavio Piltcher.
Com o uso do cigarro, a obstrução nasal pode se tornar constante e a irritação na garganta também, afetando o sono e a capacidade de realizar atividades diárias, reduzindo a qualidade de vida dos fumantes.
“O tabagismo tem múltiplos efeitos adversos que vão além do desenvolvimento de rinite e sinusite crônicas. Ele pode resultar no surgimento de pólipos nasais (formações carnosas) e câncer no nariz. Além disso, prejudica a função olfativa e causa alterações estruturais na mucosa nasal. No entanto, parar de fumar pode reverter alguns desses danos, por isso, é importante abandonar o vício para melhorar não só a saúde nasal, como a qualidade e a expectativa de vida,” finaliza.
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